Resenha nº 35: A Irmã de Freud – Goce Smilevski
Olá, meus queridos leitores! Como vocês estão? Em homenagem ao setembro amarelo, trouxe um livro que aborda questões de saúde mental de um jeito sério e mais amplo. A resenha de hoje é sobre o livro A Irmã de Freud, que recebeu o Prêmio da União Europeia para a Literatura e já foi traduzido para mais de trinta idiomas.
Freud é um personagem conhecido no imaginário popular como o pai da psicanálise, ele também era judeu e vivia em Viena com sua família quando a Segunda Guerra Mundial teve início. Sendo uma figura importante, Freud conseguiu um visto de saída e fugiu de Viena quando os nazistas chegaram. Ele levou consigo seu médico, empregados, o cachorro, a cunhada e nenhuma de suas quatro irmãs.
Nunca saberemos os motivos dessa decisão, mas Goce Smilevski parte desse ponto para iniciar sua história, quando as irmãs são enviadas para campos de concentração e exterminadas. Freud morreu pouco tempo depois em Londres, pois já estava doente.
A história é contada pela irmã mais nova, Adolfine, desde a infância, quando ela não era capaz de entender o que acontecia ao seu redor. Ela era odiada pela mãe, mas tinha um bom relacionamento com Sigmund e descobrimos um pouco da intimidade e fraquezas desse homem famoso.
Adolfine teve uma vida miserável, que vem acompanhada pela discussão das teorias psicanalíticas de seu irmão e nem sempre eram seguidas por ele próprio.
Ela também testemunhou o esplendor cultural e artístico de Viena no início do século XX, uma de suas melhores amiga era irmã de Gustav Klimt, pintor de O Beijo. Adolfine aspirava uma vida que poucas mulheres de sua época podiam alcançar.

Adolfine era apaixonada por um antigo amigo e estudante, que parecia retribuir esses sentimentos, mas adiante o relacionamento se torna cada vez mais complicado. Isso gera sofrimento para ambos. O sonho de Adolfine era formar uma família e viver em Veneza, na Itália.
Um dos principais temas do livro é a loucura, nesse ponto lembrei bastante de O Alienista, escrito por Machado de Assis (é um livro sensacional, se não leu ainda, eu recomendo). Adolfine vive por algum tempo com sua melhor amiga em um hospital psiquiátrico e narra o que vê lá, tanto os pacientes quanto a conduta médica.
A história de Adolfine é sofrida e comovente, acredito que em certo grau todos os leitores conseguem se enxergar nela, é como se todas as tragédias humanas tivessem acontecido com ela. Smilevski conduz a história de maneira calma, o que permite boas reflexões, até porque os temas são bem pesados.
A Irmã de Freud é um livro emocionante sobre uma mulher que foi esquecida nas sombras da história. Não pude encontrar muito sobre sua história para saber até que ponto o livro de Smilevski é verdadeiro.
Confesso que foi um livro um pouco difícil de ler, tanto pelo tema quanto pela calma e aparente falta de objetivo da narrativa. Contudo, cada vez que eu o abria sentia que algo se mexia dentro de mim, é algo que não sei explicar, foi único.
Realmente não consigo decidir se o livro é bom ou não para recomendá-lo, mas sem dúvida é um livro único.
Gostou dessa resenha? Leia também essa resenha sobre Vasto Mar de Sargaços, em que a autora Jean Rhys faz uma releitura da personagem “louca” de Jane Eyre, obra clássica de Charlotte Brontë. Até a próxima semana!
Ficha Técnica:
Autor: Goce Smilevski
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2013
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