Resenha nº 26: Lucy – Jamaica Kincaid
A resenha de hoje é sobre o livro Lucy, escrito pela antiguana Jamaica Kincaid (pseudônimo de Elaine Potter Richardson). Em sua obra, a autora retrata relações familiares – em especial, de mãe e filha – e a sua nação, Antígua e Barbuda. Lucy é uma história autobiográfica, sobre uma moça caribenha que vai para os Estados Unidos trabalhar como au-pair.
Tive bastante dificuldade para encontrar esse livro, li a história a partir de um e-book em alemão com a ajuda do Google Tradutor, já que meu nível de leitura na língua em questão é bem básico, então não se assustem com as citações que eu trouxe! (risos)
Nesse livro, está presente o ressentimento de Lucy Josephine Potter com sua mãe, por não lhe oferecer carinho e atenção após a chegada dos irmãos e obrigá-la a ir para longe para que possa trabalhar e sustentar a família. A narrativa da filha renegada enviada para um lugar novo e desconhecido é dolorosa.
Observar lugares que são conhecidos pelo leitor, pelos olhos dessa moça, é uma perspectiva interessante. Ao chegar aos Estados Unidos, a primeira sensação é de estranhamento e decepção, e ela sabe que não será a última vez que se sentirá assim. Por outro lado, em sua nova casa ela tinha uma geladeira (tão prático!) e também aprendeu a identificar os pontos positivos de sua mudança.
Uma grande surpresa foi o clima, Lucy chegou na metade de janeiro, período de inverno. O sol estava pálido e o vento era gelado, ela não estava mais em uma região tropical:
Aber ich wusste nicht, dass die Sonne scheinen und die Luft trotzdem kalt bleiben konnte; keiner hatte mir das je gesagt. Was für ein Gefühl das war! Wie kann ich es erklären?
Mas não sabia que o sol podia brilhar e o ar ainda podia ficar frio; ninguém nunca me disse isso. Que sensação é essa?! Como eu posso explicar isso?
Lucy estava infeliz, até os pontos turísticos famosos que ela viu em seu trajeto pareciam lugares comuns, sujos e desgastados pelo grande fluxo de pessoas. Em seguida, Lucy teve que lidar com o julgamento por seu jeito de falar, sua aparência religiosa e a cor da pele.
A família que a recebeu chamava-a de convidada, o que fazia Lucy pensar que ela não ficaria por muito tempo. Ela trabalhava para uma família branca e loira, em uma viagem com a família, ela percebe a segregação racial remanescente nos Estados Unidos:
Wir gingen in den Speisewagen, um zu Abend zu essen. Wir saßen an zwei Tischen – die Kinder für sich allein. Sie hatten darum gebeten und Mariah versprochen, sich anständig zu benehmen, obwohl es bekannt war, dass sie das immer taten. Die anderen Leute, die zum Essen Platz nahmen, sahen alle aus wie Mariahs Verwandte; die Leute, die sie bedienten, sahen alle aus wie meine. Die Leute, die wie meine Verwandten aussahen, waren alles ältere Männer und sehr würdevoll, als kämen sie gerade aus einer Kirche vom Sonntagsgottesdienst. Bei genauerem Hinsehen waren sie überhaupt nicht wie meine Verwandten; sie sahen nur so aus. Meine Verwandten gaben immer freche Antworten. Mariah schien nicht zu bemerken, was sie mit den anderen Gästen gemeinsam hatte, oder was ich mit den Kellnern gemeinsam hatte.
Entramos no vagão para jantar. Sentamos em duas mesas – as crianças por conta própria. Eles pediram e prometeram a Mariah se comportar corretamente, embora se soubesse que sempre o faziam. As outras pessoas que se sentaram para comer pareciam os parentes de Mariah; as pessoas que serviram a todos pareciam as minhas. As pessoas que pareciam meus parentes eram todos homens mais velhos e muito dignos, como se tivessem acabado de vir de uma igreja de serviço dominical. Em uma inspeção mais detalhada, eles não eram como meus parentes; eles apenas pareciam assim. Meus parentes sempre davam respostas insolentes. Mariah não pareceu notar o que ela tinha em comum com os outros convidados ou o que eu tinha em comum com os garçons.
Mas Lucy não se dedicou exclusivamente à família, na verdade, ela se esforçou para ser independente, fez amigos, descobriu-se como mulher e se rebelou contra sua mãe e todos os ensinamentos que recebeu no passado. Contudo, o rancor ainda inunda o seu coração.
Eu gostei muito de ler o ponto de vista de uma estrangeira sobre os Estados Unidos, de ver os lados positivos e negativos, mas fiquei triste por Lucy e Jamaica, que tiveram essa relação conturbada com a mãe que lhes deixou cicatrizes e rancores. Desejo que elas tenham sido capazes de encontrar a felicidade. Já conhecia Jamaica Kincaid? Deixe o seu comentário!
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