Resenha nº 15: Contravida – Augusto Roa Bastos
Pessoal, voltei! Sobrevivi ao final do semestre e aqui estou com uma resenha nova. Finalmente terminei a etapa 1 com Contravida, obra do paraguaio Augusto Roa Bastos. Esse não é o livro que eu queria ter lido, mas eu o encontrei por um preço acessível e por isso foi escolhido.
A história do Paraguai é permeada por eventos militares: guerras, ditaduras… A última ditadura começou em 1954 e terminou recentemente, em 1989. O enredo se passa nessa época e se assimila à segunda parte de A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende, que trata do período ditatorial no Chile.
Pela minha pesquisa, toda a obra de Bastos é fundamentada na realidade do país, envolvendo o aspecto militar, a pobreza, o atraso tecnológico e a cultura guarani ali presente, principalmente a língua. Contravida fecha o ciclo artístico de Bastos, iniciada em 1953 com a publicação de El Trueno entre las Hojas, um livro de contos.
Em Contravida, obra contada em primeira pessoa, o personagem principal é um preso político que consegue escapar da prisão enquanto os companheiros são aniquilados. Quando recuperou um pouco de suas forças, sua aparência estava tão diferente que passou despercebido pelos policiais e embarcou em um trem rumo à fronteira com a Argentina para atravessá-la e encontrar segurança. Durante o percurso, ele passa pelo vilarejo no qual foi criado. A presença de informantes da polícia e de perigosos membros da organização faz o personagem pensar. Por causa dos pensamentos, o homem tem sonhos que se misturam com as lembranças da infância enquanto dorme.
Bastos viveu no exílio por um longo período desde 1947, a nostalgia está muito presente nesta obra, com as memórias contadas durante a viagem de trem. Conhecemos várias figuras importantes do povoado de Manorá, no coração de Iturbe, local onde o autor nasceu. É difícil dizer até que ponto esta é uma história inventada e até onde é a própria biografia de Bastos.
Apesar do contexto de violência do qual o narrador tenta fugir, o foco do livro é realmente a nostalgia e o processo de voltar para casa. O homem já não vivia ou sobrevivia, mas dizia que estava na contravida. Já era hora de partir.
A leitura deste livro foi um pouco maçante, apesar de ser curto, mas agora que acabou e eu me ponho a pensar, na verdade esta é uma história bonita e te faz sentir empatia pelo personagem. A escrita do livro possui poesia e é bonita de se ler, o que talvez tenha tornado o autor prolixo e a falta de dinâmica nas lembranças atrapalhou um pouco. Ainda assim, acredito que conhecer este autor é fundamental e quero ler suas obras mais importantes, a começar por Eu, o Supremo. Curta a página do blog no Facebook e até a próxima resenha!
Ficha Técnica:
Autor: Augusto Roa Bastos
Editora: Ediouro
Edição: 1
Ano: 2001
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