Resenha nº 12: Palácio do Pavão – Wilson Harris
A resenha de hoje é sobre uma obra da Guiana: Palácio do Pavão, escrita por Wilson Harris. A princípio, comprei o livro por ser a única opção acessível, mas li ótimas críticas a respeito. Além disso, alguns acadêmicos consideram Harris um grande escritor da língua inglesa, o que me impressionou e recomendou o livro para mim.
Esta obra pertence ao Guiana Quartet, um quarteto de obras que inclui também The Far Journey of Oudin (1961), The Whole Armour (1962) e The Secret Ladder (1963), obras-primas do autor que também publicou uma dezena de outros romances, ensaios e poesias.
A história se passa na época colonial, no século XVI, e apresenta um grupo multirracial (europeu, asiático, indígena e africano) que se aventura por um rio guianense rodeado por floresta em busca dos habitantes do povoado de Mariella, para trabalhar nas terras de seu esposo, Donne.
Donne é um colono nascido na Guiana, um homem cruel que lidera a expedição. Ele personifica a presença europeia no Caribe, preocupando-se apenas com o ganho pessoal e exploração da mão de obra nativa. Ao chegar no povoado, a tripulação do barco encontra apenas uma senhora que parece mágica, pois possui características místicas desconhecidas por eles. Os demais haviam sumido.
No decorrer da história, durante a busca dos habitantes desaparecidos, torna-se claro que esta não é a primeira vez que a tripulação segue este caminho, revelando-se que essas criaturas estão em algum nível entre a vida e a morte. Conforme eles seguem viagem, cada membro da tripulação encontra a morte final.
No terceiro dia, a comida acaba e alguns dos membros parecem imersos em alucinações, como se embriagados pela morte dos parceiros da jornada. É desse modo que Donne e os demais sobreviventes encontram seu fim, num ponto em que a narrativa é cheia de desvarios.
Antes disso, porém, em uma das paradas para descansar na margem do rio, Donne acorda e percebe que parte da tripulação partiu. Desse modo, decide seguir a viagem com outros dois membros. Os dissidentes são o irmão de Donne, que não tem nome mas narra quase toda a história, Vigilance e a senhora Arawak encontrada no povoado. Eles seguem para a floresta e chegam ao Palácio do Pavão, onde o irmão de Donne percebe que os tripulantes ressuscitados e o povo estão juntos, desintegrando-se.
Em termos de escrita, deve-se admitir que é bonita, pois Harris se preocupa com a estética. Por outro lado, o autor reluta em contar uma história linear e abusa de alegorias, o que dá um toque surrealista à sua obra.
A conclusão é que esse livro não é para iniciantes (risos). Apesar de ser uma obra curta, é de considerável complexidade e requer sensibilidade na leitura. No meu caso, acredito que eu não estava preparada, não pude apreciá-lo pela dificuldade em entender e/ou por eu me distrair demais. Penso que eu devo tentar novamente em algum outro momento.
Para escrever esta resenha, apelei à internet para esclarecer alguns pontos da história. É interessante notar que as referências em português para o livro são quase inexistentes, mas em inglês a busca é bastante produtiva.
Contudo, vale lembrar que o objetivo do desafio é exatamente esse: sair da zona de conforto. Por isso, acredito que a leitura valeu a pena por me apresentar a uma obra surrealista. Antes disso, só tive acesso a este estilo em quadros. Para conhecer outros livros interessantes, curta a página do blog no Facebook, assim você fica por dentro de tudo 😉
Ficha Técnica:
Autor: Wilson Harris
Editora: Globo
Edição: 1
Ano: 1990
Adicione o livro no Skoob!
[…] Pela primeira vez eu li uma obra surrealista, como vocês podem imaginar, o resultado não foi dos melhores: eu fiquei totalmente perdida com a história. É um livro muito poético em sua prosa, muito preocupado com a estética e relutante em seguir um padrão linear para os acontecimentos. A história se passa na Guiana colonial do século XVI e apresenta um grupo multirracial que se aventura floresta a dentro por um rio em busca dos habitantes do povoado de Mariella, para trabalhar nas terras de seu esposo Donne. Ele é um colono nascido na Guiana, um homem cruel que lidera a expedição. Donne personifica a presença europeia no Caribe, preocupando-se apenas com o ganho pessoal e exploração da mão de obra nativa. Leia a resenha do livro aqui. […]
CurtirCurtir
[…] Guiana: Tide Running – Oonya Kempadoo […]
CurtirCurtir
[…] obra surrealista lida neste desafio é Palácio do Pavão, que também trata dos problemas relacionados ao colonialismo na América do Sul, deixo aqui a […]
CurtirCurtir